Nesta aula textual, vamos explicar como se usa oque, o que ou o quê corretamente. Na verdade, nessa lista, existem apenas duas possibilidades corretas à luz da norma culta da língua portuguesa, isto é, somente são gramaticalmente certas as construções o que e o quê, separado, com ou sem acento.
A palavra oque (se é que podemos chamá-la de palavra) está equivocada e não é aceita em textos formais.
Veremos que a palavrinha "que" poderá ser usada nas mais variadas frases, possuindo as seguintes classificações: pronome indefinido, pronome interrogativo, pronome relativo, substantivo, interjeição.
Mas tenha calma, pois vamos explicar tudo isso detalhadamente e com vários exemplo para facilitar a compreensão. Continue lendo para aprender todas essas dicas de uma maneira bem simples e fácil.
Oque, o que ou o quê: quando usar corretamente
Vamos iniciar a nossa exposição eliminando logo a forma de escrita errada. Como tudo na vida, devemos iniciar a solução de qualquer problema pela parte que reputamos mais simples. Depois vamos avançando rumo às partes mais complexas.
Oque ou o que
Se você escrever oque, junto e sem acento ou oquê, junto e com acento, fatalmente estará cometendo um erro gramatical.
Muitas pessoas escrevem dessa maneira sem saberem exatamente por qual motivo.
Uma boa hipótese para o cometimento desse equívoco é o fato de que os falantes da nossa língua podem estar usando como parâmetro o emprego dos porquês.
Em relação ao emprego dos porquês, entre outras, existe a seguinte regra:
👉 Para perguntas, deve-se utilizar o por que, separado e sem acento (se a palavra for escrita no fim da frase, deverá ser acentuada: por quê)
Por exemplo: por que vocês estuda tanto assim?
👉 Para respostas, deve-se o usar o porque, junto e sem acento (se a palavra for escrita no fim da frase, deverá ser acentuada: porquê).
Por exemplo: eu estudo muito porque quero passar no enem.
Assim, como existe a possibilidade de se escrever a palavra porque (junto), talvez as pessoas estejam sendo induzidas a escrever oque (junto também).
Mas você não cairá mais nessa armadilha, pois é leitor assíduo do nosso blog e inclusive já é inscrito no canal Aprender Fácil, motivo pelo qual não perde nenhuma de nossas dicas (se não é inscrito ainda, não perca tempo e inscreva-se agora mesmo).
Voltando ao foco deste texto, você perceberá que a palavra que pode assumir várias configurações, dependendo do contexto em que estiver inserida. Vamos explicar cada uma das situações logo abaixo.
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O que - pronome indefinido
A construção o que existe na língua portuguesa e está correta. Vamos agora explicar todos os detalhes sobre o seu uso.
Saiba antes de tudo que a palavra que é gramaticalmente classificada como pronome indefinido cujo sinônimo (significado) é: qual coisa. Mas veremos a seguir que essa palavra pode assumir outras roupagens.
Caso você ainda não saiba, pronome indefinido é aquele que se refere à terceira pessoa do discurso (ele(s)/ela(s)) de forma vaga, imprecisa. Por exemplo: algo, tudo, todos, que, quem etc.
Pois bem, prosseguindo, devemos aprender agora o seguinte: o pronome indefinido que é usualmente empregado em interrogações, sejam elas diretas ou indiretas, motivo pelo qual o "que" também pode ser empregado como pronome interrogativo.
Você agora pode estar se perguntando: bem, muito se falou do "que". E o "o", como fica?
O "o" da construção "o que" classifica-se como partícula expletiva. Quê?! O nome parece deveras estranho, mas o conceito é bastante simples.
Partícula expletiva é aquela usada apenas para reforçar ou realçar outras palavras, sendo, por isso, dispensável na frase. Em outras palavras, podemos ou não usar uma partícula expletiva na construção das nossas frases, orações e períodos sem modificação de sentido.
Por exemplo:
➥ Foi-se embora a nossa esperança.
Veja que o -se está apenas realçando o verbo ir. Este -se poderia muito bem ser suprimido sem alterar em nada o sentido da oração, conforme podemos perceber a seguir:
➥ Foi embora a nossa esperança.
Portanto, o -se é uma partícula expletiva.
Da mesma forma, a letra "o" apenas realça o "que", conforme os exemplos vistos abaixo. A retirada do "o" não altera o resultado no sentido da frase.
Exemplos:
- O que significa isso aqui?
- Que significa isso aqui?
- O que aconteceu enquanto estávamos fora de casa?
- Que aconteceu enquanto estávamos fora de casa?
- O que teremos para o jantar hoje?
- Que teremos para o jantar hoje?
Que - pronome relativo
A palavrinha QUE também pode ser empregada como pronome relativo, para se referir ou retomar um substantivo mencionado anteriormente na frase.
Exemplos:
Aquela é a professora que gosta de reprovar todo mundo. (Veja que "que" retoma o substantivo "professora").
João, que é muito estudioso, sempre tira boas notas nas provas de português. (Veja que o "que" retoma o substantivo "João").
Quando escrever o quê
A palavra quê, escrita com acento circunflexo, também é empregada nos textos como um pronome interrogativo, porém ela só aparece dessa forma quando está no fim das frases, seguida geralmente do ponto de interrogaçãoÉ quase a mesma regra do uso dos porquês. O porquê no fim das frases deve ser acentuado.
Exemplos:
- Tudo isso aqui significa o quê?
- Enquanto trabalhávamos aconteceu exatamente o quê?
- João está procurando o quê?
Quê - interjeição
A palavra quê também pode ser empregada como interjeição.
Para esclarecer: interjeição é toda palavra capaz de expressar sentimentos e emoções de formas variadas, por exemplo: ufa!; oba! ai! etc.
Por sua vez, quê também pode ser usada nesse sentido.
Visualize o seguinte diálogo:
- Maria: - Ana, seu chefe disse que você está demitida.
- Ana: - Quê!
Note o espanto expresso por Ana ao descobrir que foi demitida pelo seu chefe.
Olhe mais algumas frases:
- O quê!? Não é possível!
- Quê!? Meu Deus do céu.
Quê - substantivo
O "quê" também pode assumir a função de substantivo masculino. Ao exercer essa função, o termo quê deve obrigatoriamente ser acentuado, podendo ser precedido (acompanhado de algo que vem antes) do artigo definido masculino “o”.
Perceba que nesse caso, não temos uma partícula expletiva e um pronome interrogativo. O que existe aqui é um artigo (o) e um substantivo (quê)
A expressão tem o significado de “certa coisa” ou “algo”.
Exemplos:
- A dificuldade dos cálculos é o quê da questão.
- Aquele rapaz tem um quê a mais em sua aparência e elegância.
- Seu talento é o quê diferencial entre seus pares no trabalho.
Agora você já sabe tudo na hora de escrever oque, o que ou o quê. Porém, citamos o emprego dos porquês em diversas ocasiões no nosso texto explicativo sobre a gramática normativa. Então vamos encerrar a nossa abordagem com um resumo simplificado do emprego das palavras mencionadas.
Mãos à obra!
Emprego dos porquês
Por que - pergunta
Por que, separado e sem acento é usado para elaboração de perguntas diretas e indiretas.
Exemplos:
- Por que os preços da gasolina está subindo?
- Queria saber por que João sempre se atrasa para a aula.
Por quê - pergunta no fim da frase
Por quê, separado e com acento, é usado para elaboração de perguntas, mas apenas qual estiver no fim da frase.
- Não quer mais comer por quê?
- Saiu cedo do expediente ontem por quê?
Porque - resposta
Porque, junto e sem acento, é empregado nas respostas.
Exemplos:
- Maria estuda muito porque sabe que só o conhecimento é capaz de mudar a sua vida.
- Agora sabemos porque tudo está tão caro nas lojas: culpa da inflação.
Porquê - motivo
Porquê, junto e com acento, é empregado com sinônimo de motivo ou razão, sendo precedido de artigo.
Exemplos:
- Não sabemos o porquê da demora em anunciar o resultado do concurso.
- Os sócios têm a obrigação de expor todos os porquês da falência da empresa.
Agora sim, terminamos a nossa jornada gramatical. Se leu até aqui, parabéns pelo empenho. Você só tem a ganhar com a busca por conhecimentos.
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